Meu pai era fã hardcore de faroeste, assim como adorava faroeste, também prezava por organização e praticidade no cotidiano. Então, em situações onde a organização foi negligenciada e isso afetou uma atividade, meu pai utilizava a anedota do “Coldre Vazio” (ouvi diversas vezes):
Dois pistoleiros discutiram num bar e combinaram um duelo para resolver o conflito no dia seguinte. Na hora de sacar a arma, um deles estava com o coldre vazio.
Ele nunca contou se o pistoleiro desarmado da história foi sabotado, se havia esquecido, se a arma foi retirada do coldre por acidente, depois de muito tempo eu entendi que não importava, só importava que ela não estava lá quando ele mais precisou.
A anedota era relembrada pelo meu pai quando alguém da família precisava de algum objeto num momento crucial e este estava fora do local de costume, exemplos clássicos: uma tesoura, um remédio pra dor de cabeça, a vela quando acabava a energia elétrica! Ele satirizava, “Cadê minha arma?!”. Era muito bom…
Fazendo um paralelo com o mundo da Tecnologia, onde existem exemplos de “Coldre Vazio”: aquele log que faltou, um acesso que foi removido, uma documentação que ficou pra depois, a ausência de uma monitoria. O que lhe faltou na hora que mais precisou?
Na imagem, a obra O Grito, de Munch.