O Experimento de Milgram e A Ética

Milgram foi um psicólogo que elaborou um experimento sobre obediência à autoridade na década de 60 (repetido na década de 70 e em 2014 com resultados similares). No experimento, pessoas eram convidadas a simular uma dinâmica “professor/aluno”. A cada resposta errada do “aluno”, o “professor” aplicava choques de voltagem crescente àquele, toda a dinâmica observada por um moderador.

A reviravolta, não havia choques, o “aluno” era um ator que errava as respostas propositalmente, simulando dores provocadas pelos choques de mentira e o mediador estimulava que a punição fosse aplicada. Então, na prática, somente o “professor” estava sendo analisado. Era avaliado o quão sujeito estava a obedecer à autoridade do mediador. O resultado foi que a maioria dos indivíduos aplicou os choques até a voltagem mais alta.

Uma das conclusões de Milgram foi que os “professores” obedeciam (cediam) ao processo de aplicar choques crescentes, principalmente por transferirem a responsabilidade ao moderador, mas quem apertava o botão afinal?

Agora a ética, a ética profissional é pautada pelos seguintes princípios: honestidade, integridade, respeito e responsabilidade. Empresas têm seus códigos de ética, os quais servem para expressar cultura, valores e orientar sobre o comportamento diante de diferentes públicos. A ética também aparece de forma recorrente em juramentos nas expressões como “honrar a ética”, “observar os princípios éticos”, etc. Este material funciona como diretriz de conduta.

No Experimento de Milgram, não havia o aparato ético acima, mas sim um processo de coerção gradativa do “professor” para quebrá-lo, onde no começo ele é pago para participar de um experimento aparentemente simples e, no final, sua opinião já não importa, só interessa que obedeça ao comando para torturar outra pessoa. Pode parecer absurdo, mas só os mais resolutos diziam “basta” no cenário elaborado.

Esta história para concluir no seguinte. Existem ambientes e pessoas com comportamento manipulador tóxico, às vezes podemos nos ver involuntariamente em situações moralmente questionáveis, mas diferente do ambiente fechado do experimento, no mundo aberto há guias de conduta e pessoas-referência para nos apoiar.

Na imagem, a obra Mar de Névoa, de Caspar Friedrich. Nela temos uma pessoa que tem dimensão da nebulosidade abaixo dele.