Sentimentos são Substantivos

Sentimentos são substantivos, substantivos abstratos: amor, felicidade, tristeza, raiva, medo, empatia, surpresa, confiança, honra, orgulho.

É difícil perceber o abstrato. Usualmente dizemos que nos sentimos: amados, usados, enganados, frustrados, honrados, espantados, sobrecarregados.

Essas palavras são verbos, no particípio. E precisam de um sujeito para acontecer. Ao dizer que nos sentimos chateados, por exemplo, implica que algo ou alguém nos chateou, mas os sentimentos profundos do chateado podem ser vários, como tristeza ou arrependimento.

Olhar para si e identificar o abstrato, o sentimento gerado por alguma situação é difícil, mas ajuda muito na comunicação.

Vamos supor uma situação onde alguém deixou de compartilhar uma informação. Ao dizermos para esse alguém que nos sentimos “enganados”, estamos o julgando, imputando uma culpa com a qual ele não necessariamente concorda e o diálogo torna-se mais difícil do que já é.

Agora, se modificarmos o discurso, retirando o julgamento e dizendo nossos sentimentos mais internos (tristeza, raiva, etc.), a receptividade é maior e o diálogo menos complicado.

Observe a diferença:

– Quando você omitiu a informação, me senti enganado, pois valorizo a transparência, eu gostaria que fosse franco da próxima vez. (Neste caso o interlocutor é rotulado de “enganador”, com um julgamento sem direito a defesa)

– Quando você omitiu a informação, me senti triste, pois valorizo a transparência, eu gostaria que fosse franco da próxima vez. (Já aqui não há o julgamento, há o interesse em buscar a preocupação do outro a respeito dos seus sentimentos.)

Na imagem, a Monalisa, de Da Vinci. Seu sorriso é enigmático, impossível afirmar se ela sente, apatia, tristeza, ou felicidade. Agora, se a Gioconda falasse…