No aspecto da liderança, o 1:1 (one on one) é uma reunião muito importante, se não, a mais. Isso se deve ao fato de ela promover o fortalecimento da relação líder-liderado, com esta relação forte a carreira do profissional é vista com atenção, obstáculos são contornados, motivações individuais são explícitas e objetivos de negócio ficam claros, enfim as entregas tendem a acontecer com maior vazão e harmonia.
Para a conversa fluir, é fundamental haver ambiente seguro, no entanto, o conceito do 1:1 foi notoriamente distorcido, então vou deixar claro para que o 1:1 não serve (ou não deveria servir): nem para status report de tarefas e nem para o líder dar palestra. Para estes casos, existem ferramentas mais eficazes.
O 1:1 é um espaço do liderado, ele tem prioridade de fala. Se o líder quer resultados, ele precisa de escutar, mas isso não significa apenas ouvir, é preciso acolher, entender, responder, esclarecer, anotar, motivar, planejar e acompanhar. Compreendendo a fundo os temas trazidos pelo liderado, tratando-os e monitorando-os, fica transparente o interesse genuíno do líder em suas opiniões, assim o ambiente seguro é construído com os liderados, um a um.
Passado o tempo de fala do liderado, há o momento de definição de seus objetivos, planejamento de ações para atingir essas metas, revisão de curso se necessário. Então, observe, o líder não fica numa posição meramente passiva, mas sim de guia, de mentor, em toda a reunião.
Para estabelecer a existência deste espaço líder-liderado, é preciso que o 1:1 seja recorrente (no máximo a cada duas semanas) e em horário fixo. Evitem ao máximo adiar, ou cancelar o compromisso, isso demonstra desrespeito com o tempo um do outro. O tempo pode variar dependendo da frequência e da dinâmica, o ideal é que haja o suficiente para ambos falarem. No meu cronômetro, se passar de 40 minutos, demorou.
Na sequência, separo as responsabilidades por papel.
Para o liderado:
1. Trazer dores, dúvidas, sejam técnicas ou de negócio.
2. Compartilhar problemas (Até pessoais, caso sinta a vontade).
3. Fazer sugestões.
4. Compartilhar gaps que quer desenvolver para evoluir a carreira.
5. Dar e pedir feedback.
Para o líder:
1. Escutar dores, dúvidas e responder (Ir atrás das respostas quando não as tiver).
2. Ter empatia com problemas (Entender se pode ajudar ou direcionar).
3. Estabelecer objetivos e traçar planos para alcançá-los.
4. Acompanhar plano de desenvolvimento.
5. Dar e pedir feedback.
E finalmente algumas boas práticas para a reunião.
Boas Práticas
– Mantenha frequência previsível.
– Tenha tempo de qualidade, focado na reunião.
– Evite ao máximo adiar.
– Faça preparação prévia: leve temas para discutir, tanto liderado quanto líder.
– Estimular liderado a fazer preparação prévia.
– Iniciem com espaço de fala do liderado.
– Lembrete: não é necessário esperar o 1:1 para tirar dúvidas, dar sugestões, feedbacks, etc. Talvez até lá o timing tenha se perdido.
Na imagem, uma das pinturas da série Os Jogadores de Cartas, de Cézzane. A simbologia aqui é “colocar as cartas nas mesa”.